A crise política em Brasília pode ser o marco para uma reviravolta na vida político-administrativa da cidade, afastando o grupo que por 22 anos quase ininterruptos dominou a capital federal. Nas eleições deste ano, deve sair vitorioso o grupo de forças democráticas que garantirá a Brasília uma administração correta e transparente. Com isso, no dia em que comemora o seu 50o aniversário, a cidade tem o que comemorar.
A avaliação é de Messias de Souza, candidato ao Governo do Distrito Federal (GDF) pelo PCdoB nas eleições deste ano. “Ela (Brasília) foi ao fundo o poço, mas tem condições de recuperar-se, sobretudo pela grande mobilização que as forças progressistas tem feito para apontar novo rumo para Brasília, o que se consolidará em 3 de outubro, com ampla renovação da representação do Distrito Federal, tanto na Câmara Legislativa como no Congresso Nacional, o que representará grande passo para o reencontro de Brasília com a cidadania e com o seu destino de grandeza e de desenvolvimento do interior do País”, afirmou.O presidente regional do PCdoB-DF, Augusto Madeira, faz a mesma análise. Ele acredita que nas eleições deste ano, Brasília vai recuperar-se politicamente, instalando no poder um grupo comprometido com a democracia. Ele também vê motivos para comemoração no fato da cidade ter cumprido o seu papel original de contribuir para a interiorização do País.
Em discurso na sessão solene que comemorou a data, na manhã desta terça-feira (20), a deputada Jô Moraes (PCdoB-MG) também manifestou “a certeza e a convicção de que Brasília haverá de recuperar a confiança e a legitimidade de suas instituições. Os brasileiros e as brasileiras que aqui residem não se confundem com os desvios que ocorrem nesta Unidade da Federação. Os brasileiros e brasileiras que aqui residem querem ver a República, a democracia, a coisa pública como um bem maior.”
Festa garantida
A posse do novo governador, Rogério Rosso (PMDB), eleito indiretamente pela Câmara Legislativa, dá um fôlego à cidade que viu, em 68 dias, a troca de quatro governadores:um preso, acusado de corrupção, José Roberto Arruda (ex-DEM); a renúncia do vice Paulo Octávio (DEM), também sob acusação de corrupção; e o terceiro, Wilson Lima (PR), presidente da Câmara que assumiu o cargo, partidário de Arruda, que perdeu a eleição para Rosso.
Depois de quatro meses de noticiário negativo, os 2,6 milhões de habitantes da cidade vão poder assistir a festa programada para o aniversário da cidade, que estava ameaçada de não acontecer. Somente hoje (20), véspera da festa, foi confirmada a programação que acontecerá na Esplanada dos Ministérios durante todo o dia de amanhã (21), incluindo show de artistas como Daniela Mercury e Milton Nascimento. A previsão de público é de um milhão de pessoas.
O Tribunal de Contas do DF havia suspendido a licitação para contratação da infraestrutura da festa, mas o novo governador negociou o apoio do empresariado brasiliense como patrocinador, garantindo a realização da festa, o que dá sinal de que a cidade está voltando a normalidade. Outro traço de que a cidade volta à rotina é a manifestação do governador de que vai escolher seu secretariado – que começou a compor hoje - por critério técnico.
Às 23 horas desta terça-feira (20), no Altar Monumento da Esplanada dos Ministérios uma Missa Solene abrirá as festividades. Presidida pelo arcebispo da cidade, Dom João Braz de Aviz, a celebração é uma tradição. O secretário-geral do Congresso Eucarístico Nacional, Monsenhor Marcony Vinícius Ferreira, explica que “essa Missa é um marco histórico. Foi Juscelino Kubsticheck que há 50 anos pediu que a missa fosse realizada, às 23 horas do dia 20 de abril, no Palácio do Planalto, porque ele queria entrar no dia 21 sob orações”.
Sessão solene
As comemorações começaram antes da missa com a sessão solene promovida pela Câmara dos Deputados, na manhã desta terça-feira, para marcar o aniversário da cidade e a transferência do Poder Legislativo para Brasília. A galeria da Câmara dos Deputados ficou lotada por estudantes das escolas públicas e privadas de Brasília. Dois atores, representando Juscelino e Sara Kubsticheck, fizeram parte da sessão, que foi iniciada com a execução do Hino Nacional e da música Brasília, Capital da Esperança.
Antes dos discursos, foi apresentado o documentário Brasília: projeto capital, que reproduziu o show de fogos de artifícios e canhões de luzes que marcaram a inauguração da cidade no dia 21 de abril de 1960. O documentário mostrou ainda uma sequência de fatos históricos que contam a história de Brasília - e do Brasil - em seus 50 anos de existência e, entre outros, o depoimento nostálgico de Oscar Niemeyer, falando sobre “o momento de muita emoção de ver a cidade crescendo (...) a esperança e a certeza de que o Brasil vai se reinaugurar”.
De Brasília
Márcia Xavier
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